Ablação de FIbrilação Atrial: quando indicar?

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Estimativas recentes indicam que cerca de 5 milhões de brasileiros têm Fibrilação Atrial. Essa arritmia, muito comum acima dos 65 anos, é tratada de forma medicamentosa ou por meio de Ablação de Fibrilação Atrial. Saiba quando indicar uma ou outra abordagem.

A Fibrilação Atrial está diretamente associada a casos de Acidentes Vasculares Cerebrais, pois favorece a formação de coágulos sanguíneos nas câmaras superiores do coração. Tais coágulos podem se deslocar até o cérebro e provocar derrames. Por Isso, o uso de medicação anticoagulante faz parte do tratamento da fibrilação atrial, já que o risco de AVC (derrame cerebral) é seis vezes maior em pacientes com essa arritmia.

Na prática médica, também percebemos que uma a cada três pessoas internadas com arritmia cardíaca tem Fibrilação Atrial. E estes dados merecem atenção.

A Evolução da Doença

Uma das principais características da Fibrilação Atrial é o seu processo evolutivo e o agravamento do quadro dos pacientes a medida que envelhecem. Grande parte das pessoas que chegam até a Clínica Ritmo têm uma história natural comum: não tiveram o tratamento adequado na fase inicial da doença. Insistiram no uso de medicamentos, por vezes ineficientes, por longo tempo. Acabaram passando da condição Paroxística (quando a arritmia termina sozinha) para os estágios mais avançados de FA, inclusive para a condição Permanente. E só depois disso foram encaminhados para o procedimento de Ablação.

De acordo com o Dr. André d’Avila, Diretor do Serviço de Arritmia Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis, com o passar do tempo a arritmia modifica as propriedades elétricas e musculares dos átrios, favorecendo a perpetuação da Fibrilação Atrial. Sem tratamento, quanto mais FA você tem, mais você tende a ter”.

De maneira geral, a Fibrilação Atrial é dividida em quatro tipos, dependendo do tempo em que o paciente está em arritmia:

    1. Fibrilação Atrial Paroxística: Quando a taquicardia e os sintomas de palpitação, falta de ar, dor no peito e tontura desaparecem sozinhos, sem a necessidade de intervenção médica. Os episódios ocorrem dentro de um período de 7 dias. Eles duram de alguns minutos a horas.
    2. Fibrilação Atrial Persistente: Esses são os episódios que duram de 7 dias até 12 meses. Os sintomas não param por conta própria. As crises necessitam de medicamentos e até de cardioversão elétrica para serem interrompidas.
    3. Fibrilação Persistente de Longa Duração: Igual ao tipo anterior, mas com mais de 12 meses de duração. O coração já sofreu tantas alterações elétricas que o próprio músculo cardíaco emite os sinais que desencadeiam a Fibrilação Atrial.
    4. Fibrilação Atrial Permanente: São os casos em que a ablação por cateter já não faz mais sentido por ser ineficaz.

O Tratamento por Ablação de Fibrilação Atrial

A princípio, na Fibrilação Atrial Paroxística, os focos elétricos que desorganizam o ritmo cardíaco costumam vir das veias pulmonares. A Ablação da Fibrilação Atrial por radiofrequência, nesses casos, apresenta ótimos resultados. Os pacientes recuperam-se rapidamente e de forma satisfatória. O procedimento é menos complexo e mais eficiente.

Entretanto, se a doença não for devidamente tratada logo e de maneira eficaz, com o passar do tempo as células do próprio músculo cardíaco passam a disparar os pulsos elétricos que competem com o marcapasso natural do coração. São os casos de Fibrilação Atrial Persistentes de Longa Duração. Neles, o procedimento de Ablação torna-se mais delicado. O eletrofisiologista precisará identificar e cauterizar mais pontos de interferência elétrica. Inclusive, na estrutura dos próprios átrios. E, além disso, em pacientes, em geral, com piores condições biológicas. A Ablação continua oferecendo resultados positivos. Entretanto, as chances da arritmia retornar e de o paciente precisar repetir o procedimento aumentam. O que poderia ser evitado com diagnósticos precoces.

Nos casos mais graves, a condição passa a ser Permanente. Significa que a doença alcançou determinado grau que o tratamento por Ablação torna-se ineficaz ou demasiadamente perigoso. Por isso, frisamos: quanto antes o paciente for encaminhado para a Ablação, melhores os resultados.

Quando indicar um paciente com Fibrilação Atrial para a Ablação?

  • Pacientes que apresentam efeitos colaterais às drogas antiarrítmicas;
  • Pacientes refratários aos medicamentos.
  • Não há, em princípio, limite de idade para a indicação do procedimento.

O procedimento de Ablação de Fibrilação Atrial é mais eficaz do que os remédios para a maior parte das Taquicardias. É realizado através das veias da virilha, sem cortes no peito, pela introdução de cateteres especiais. Eles chegam até o coração e cauterizam, por radiofrequência, as células que estão provocando a arritmia. Mais de 100 mil pacientes realizam Ablação todos os anos no mundo, com muita segurança.

Com base nisso, percebemos que o tratamento de pacientes jovens com o uso de drogas diárias para o controle de arritmias precisa ser revisto. O uso prolongado de tais medicamentos pode acarretar graves efeitos colaterais e comprometer ainda mais a saúde do indivíduo. A Amiodarona, por exemplo, pode causar danos à tireóide, fígado e aos pulmões. Além disso, como vimos, esse é o grupo de pessoas que melhor responde a Ablação. Especialmente nos casos de FA Paroxística. É comum que estes pacientes tenham alta 24 horas depois do procedimento. Retornem ao trabalho em uma semana e abandonem, em cerca de 3 meses, as medicações. Passe a ter uma vida normal (algo impossível com os remédios).  

Da mesma forma, pacientes que já apresentam os efeitos colaterais ou que tornaram-se refratários às drogas antiarrítmicas devem ser encaminhados para a Ablação de Fibrilação Atrial o quanto antes. Uma vez refratário a um remédio, a tendência é que o paciente torne-se refratário a outros. As opções, infelizmente, não são muitas. A insistência pelo tratamento medicamentoso pode, em vez de reduzir os efeitos colaterais e a própria arritmia, permitir que o quadro se agrave.

Quando a Ablação de Fibrilação Atrial não é indicada?

A Ablação de Fibrilação Atrial só não é recomendada para aqueles pacientes com comorbidades graves. Problemas pulmonares, insuficiência hepática e renal (especialmente as provocadas por idades avançadas), podem expor o pacientes a riscos. Quando isso acontece, o eletrofisiologista (mediante a uma avaliação), pode optar por não realizar a Ablação e recomendar a continuidade do tratamento medicamentoso. Assim, o objetivo será controlar a frequência cardíaca, trazer alguns sintomas para a normalidade e fazer que, mesmo doente, o coração possa bombear sangue oxigenado para o corpo. Medicamentos anticoagulantes são geralmente receitados para reduzir o risco de AVC.

Vale lembrar que o paciente encaminhado para a equipe de eletrofisiologia sempre retorna para o seu cardiologista de origem. Ele levará consigo um laudo completo para informar o médico sobre os procedimentos realizados e a atual condição do indivíduo.

Ficou com alguma dúvida? Entre em contato conosco. Teremos satisfação em ajudá-lo.

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